Se bem se lembram, assumi aqui o compromisso de viver 5 experiências menos comuns nos próximos 5 meses.
E a primeira escolha foi …..
Muito retratada nos filmes americanos, principalmente em comédias românticas, esta é uma experiência que não é assim tão falada no nosso país. Pelo menos não o era no meu grupo de amigos (até ao momento em que me inscrevi e passou a ser assunto obrigatório nas últimas conversas, claro).
Se fui sozinha? Não…
Tudo começou com um desafio da Monstra S., mulher (bem) comprometida mas que sentia dentro de si o bichinho da curiosidade sobre o que aconteceria nestas sessões… Não fazendo muito sentido inscrever-se (dada a sua condição), eis que esta pequena monstra tanto tentou que me convenceu a ir juntamente com uma amiga (também ela solteira) que temos em comum.
Toca então de ir para o Google estudar mais sobre o assunto e encontrar o próximo evento na calha..
Depois disso, foi do género “Siga! Vai e não pensa!”. Inscrevemo-nos, pagámos e marcámos na agenda!
O Dia D
1 mês e meio passado, eis que chega o grande dia e, não vale a pena mentir, apesar de não ter criado qualquer expectativa sobre o que iria encontrar, não deu para evitar sentir o friozinho na barriga.Afinal de contas não fazia ideia do que me esperava!
Chegadas ao hotel (sim, a coisa dá-se num hotel! Podia ser mais awkward que isto? Não só podia como foi! Acontece que não há outra forma de saber para onde nos devemos dirigir senão perguntando na receção! (Obrigada Senhor, era tudo o que precisávamos.)
Enquanto a minha amiga perguntava para onde devíamos ir, eu deambulava pelo lobby a tentar fingir que não tinha nada a ver com o assunto (péssima amiga, eu sei). Indicaram-nos o caminho é lá fomos.
A hora H
A hora chegou! Após 10 minutos num hall rodeadas por pessoas que, tal como nós, tentavam agir o mais naturalmente possível, avisaram-nos de que nos podíamos finalmente dirigir à sala. E assim fizemos, em filinha, subimos as escadas, tentando não olhar uns para os outros (e eu a tentar não sucumbir ao ataque de riso nervoso que se queria apoderar de mim).
Chegados à sala, um a um mostrámos a nossa identificação (nunca se sabe se mais tarde não será preciso denunciar um qualquer psycho na polícia. Brincadeirinha-ou talvez não), colámos ao peito um autocolante com o primeiro nome e o número que nos fora atribuído e seguimos para a primeira fase da noite.
Quebrar o gelo
A primeira fase do Speed dating passa por tentar, ainda que a meu ver sem sucesso, quebrar o gelo. Apesar de os participantes serem divididos em dois grupos para faixas etárias diferentes, nesta fase toda a gente tem a oportunidade de interagir e conversar com todos. Como forma de incentivo e de quebrar o gelo, a organização distribui uns cartões com várias categorias para as quais temos de encontrar uma pessoa. Por exemplo: uma pessoa que gosta de sushi; uma pessoa que já esteve na Grécia, uma pessoa que já apareceu na TV, etc. Encontrado alguém que responda positivo a esta questão é só pedir para assinar o cartão. Desta forma, o primeiro contacto fica feito e facilmente (ou não) se desencadeiam novas conversas.
O Speed Dating
Aqui, o nome diz mesmo tudo. As senhoras ficam sentadas na sua mesa, enquanto os cavalheiros vão passando de cadeira em cadeira, de senhora em senhora portanto. Cada encontro tem 4 minutos. Findos esses 4 minutos, o sino toca FRENETICAMENTE o que significa – Next!
Neste ponto é importante dizer que encontramos pessoas em que pensamos “Ainda não passaram 4 minutos? Será que a senhora do sino se esqueceu? O que é que eu vou comprar à prima Joaquina no Natal?”. Mas também encontramos pessoas em que pensamos: “Já passaram 4 minutos? Pareceram 30 segundos... foi divertido, não foi!?”
Hora das dicas
Homens que estejam a pensar fazer uma coisa do género, ou que simplesmente tenham um primeiro encontro na mira, aqui ficam umas dicas:
- Usar fato e sapatos é um NÃO – menos, muito menos
- Tentar convencer a outra pessoa de que são almas gémeas repetindo constantemente “Temos imenso em comum”, também não é bom e tende a ter o efeito contrário (principalmente quando têm apenas 4 minutos para falar com a pessoa)
- Usar frases feitas como “dizem que os últimos são os primeiros, e neste caso vai ser mesmo” (eye blink)… oh por favor!
- Senhores do grupo pertencente à faixa etária superior, foquem-se nas vossas senhoras e parem de tentar engatar miúdas com idade para serem vossas filhas durante o intervalo
- Bem sabemos que a timidez é lixada, mas treinem o contacto visual... é difícil manter um diálogo e confiar em alguém que passa o tempo todo a focar a mesa...
- Falar apenas em trabalho também não é nada bom.. são apenas 4 minutos e há assuntos muito melhores
- Pior ainda que o último ponto, confessar que a última relação terminou porque a vossa ex vos acusava de serem um workaholic (coisa com a qual não concordam) e que após o final da relação mudaram de casa para seguir em frente... mas para uma casa ao lado do trabalho... (cri, cri, deal breaker)
- Que ser professor é uma profissão nobre ninguém duvida mas, meus amigos, ninguém vai ao Speed dating à procura de uma aula de geografia/ história...
- Não há nada de errado em viver em casa dos pais (na minha opinião há até muita coisa certa, nada como os miminhos dos paizinhos) mas, se procuram namorada, mostrem (pelo menos) alguma ambição.. dizer que aos 29 anos vivem em casa dos pais e nunca trabalharam porque “a vida está muito difícil” não abona muito a vosso favor..
- Perguntarem se a outra pessoa conhece a vossa terra Natal pode ser uma excelente pergunta que pode desencadear várias conversas. Mas, se a pessoa diz “não”, dizerem “tens agora uma excelente oportunidade para conheceres” não é fixe, é creepy e muito desconfortável
- Dizerem que saíram de casa tão, mas tão à pressa, que se esqueceram de pôr gel no cabelo. Não, não, não. Que posso mais dizer sobre isto? Vejam o post que a Monstra S. fez sobre o tema
Mas não são só os homens a precisar de coaching, minhas senhoras vamos lá ver:
- A escolha do outfit: não, não vão para a discoteca. Não, não vão a uma entrevista de trabalho e não, também não vão ao supermercado. Na hora de escolher a roupa para um encontro optem pelo meio-termo: nada muito decotado nem muito curto. E deixem as t-shirts, ténis e baggy jeens de fora das opções. Nada contra (sou uma das maiores fãs deste outfit), mas não para este efeito
Então, e depois?
Terminada a ronda de conversas com todos os participantes, a fase final é muito simples. Durante o speed dating todos os participantes têm um cartão onde apontar o nome de cada pessoa com quem conversou. Em frente ao nome, aparecem as opções “Sim” ou “Não” e é basicamente isto. No final, entregamos à organização do evento um cartão com todos os nossos “Sim’s”, chamemos-lhe assim. Se os nossos Sim’s também nos colocaram um Sim, faz-se Match! No dia seguinte a organização envia-nos um e-mail com os contactos dos participantes com quem fizemos Match.
Conclusão
Nesta experiência encontrámos todo o tipo de pessoas: tímidos, descontraídos, divertidos, ansiosos, demasiado ansiosos e pessoas completamente "normais".
Há quem claramente deposite toda a sua esperança neste tipo de eventos, pois tem algo em si que não o/ a deixa conhecer pessoas de outra forma (timidez, insegurança, falta de tempo ou de oportunidade), quem vá como experiência de grupo (why not), quem vá acompanhar um amigo/a que não teve coragem de ir sozinho/a, quem já se fartou do Tinder e aplicações do género e quem vai em modo repetente, pois no passado a coisa até já deu certo e o cupido acertou em cheio (ou não, afinal…voltou)!
Não foi o nosso caso... o cupido não estava com a pontaria afinada e as flechas bateram todas ao lado... raio do cupido que é míope! Tivemos vários “Matchs”, é verdade, mas isso é outra conversa. Mas não deixou de ser uma noite diferente, divertida e que acabou por superar as nossas expectativas!
Se estão solteiros, aconselhamos! Nunca se sabe o que vão encontrar e afinal é só experimentando as coisas que podemos perceber o que pensamos/ sentimos em relação a elas.
P.S- O Speed dating acabou mas a noite ainda era uma criança e, mal sabíamos nós, que tinha ainda muito para dar. Mas isso fica para outro post. ;)
Monstra P.
(Este post não seria possível sem a colaboração preciosa da amiga S. Obrigada!)